terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Quadro de Cena


Agora o Quadro de Cena tem um Blog, e você pode deixar suas mensagens, impressões, e perguntas sobre o Quadro de Cena, ou ate discutir sobre nossa arte. Quero ver todo mundo participando.
Beijoooooooooooo
Thelma

Um comentário:

Unknown disse...

Geografia poética dentro do lúdico da criança na linguagem do teatro para infância e juventude



Quando falamos em geografia lembramos em duas coisas: nosso professor e nos estados e capitais. Ao recorremos ao dicionário para aprofundarmos a significação de tal palavra descobrimos (terra a vista!) que geografia é a ciência que se dedica ao estudo da terra, na sua forma, acidentes físicos, clima, produções, populações e divisões políticas. E na forma poética como ficaria tudo isso? O poeta diria:

Vastidão de terra
Imensidão de mundo
É tudo isso........................................................................................................
Que se avista.......................................
E também que não cabe aos olhos..........................................................................................................................................

Há também outro tipo de grafia que tem umas relações diretas com a geografia, que é a hidrografia. E ao procurarmos no dicionário seu significado temos: descrição minuciosa de uma localidade marítima que tem por fim o conhecimento das costas, ilhas, conjunto de águas de uma região. Acrescento que a nossa rede hidrográfica é predominante do tipo, exorréica, isto é, voltada para o mar. “o rio são Francisco.... no mar “
O poeta talvez definisse assim:
Tanta água ao redor
É ilha
Pode o rio ser mar
Ser doce amar
Pode o homem sonhar
É terra
E dorme num cobertor de sargaço.
Sonhando com as estrelas do céu e do mar
Freud afirmava sobre a arte que o artista é um introvertido, que devido a impulsos criativos instintivos excessivos, é incapaz de se adaptar ás necessidades da realidade pratica que em busca da compensação se volta para o mundo da fantasia, aí encontra um substituto para a satisfação direta dos seus desejos. A preocupação de Freud era na realidade com o processo de redenção, o caminho da simples fantasia para obra de arte com veiculo de integração social. Para ele o artista cria e recria um mundo de realização e nele o outro também participa e encontra prazer.Mas porque os que não são artistas produzem apenas devaneios pobres, frágeis e inexprimíveis e anseiam por um comforto mais eficiente e porque o artista, com seu sentido de derrota e o seu contato cada vez mais frágil com a realidade, se sente tão solitário como estes devaneadores, ele encontra consolação em confortá-los ?
A beleza formal é senão um premio ao estimulo uma isca ao suborno e prepara apenas o caminho para a realização do verdadeiro prazer que esta oferece : a libertação das tensões psíquicas inconscientes . A beleza não está entre os objetivos do artista: o que interessa são os problemas de existência. Já temos aqui uma boa gama de informações para situarmos o que queremos dizer sobre: geografia poética, mas é preferível que continuemos, pois falta o elemento primordial nessa peleja, que é, a criança e o seu desenvolvimento mental dentro do universo artístico e pedagógico na linguagem do teatro. Para entrarmos nesse universo vamos se apropriar de duas figuras essenciais para a compreensão desse desenvolvimento e como esses conhecimentos nos aproximam da criança e na sua linguagem com sua especificidade. O nosso eterno professor e nosso doutor das artes estudioso dos fatos e da linguagem para criança marco camarotti afirmava que deveríamos ter cuidado com aqueles produtores que tem como único objetivo o lado comercial de sua atividade disfarçando-se em argumentos que estão formando platéias para o futuro. A criança não é um ser menor, um projeto de adulto, uma folha em branco que ainda vai ser preenchida. Temos que tratar a criança como um ser completo e complexo em qualquer que seja a etapa do seu crescimento físico e seu desenvolvimento mental.Uma criatura que possui uma estrutura, uma expectativa e uma realidade próprias. Camarotti afirma que devemos ter um conhecimento dos estágios de desenvolvimento mental pelo qual cada criança passa.Esses estágios foram decodificados por Jean Piaget e são no numero de seis onde ele pontuou cada fase desse desenvolvimento. Ele nos ensina que: no primeiro período a inteligência é senso motor, depois vem à inteligência intuitiva e por volta dos sete anos de idade é que a criança começa a desenvolver uma inteligência lógica, um universo onde todas as operações intelectuais tornam-se concretas; só após aos dez anos de idade, é que a que a criança começa a relacionar-se com o abstrato. Recomendo aos interessados que leiam:
Sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal como Piaget traça um estudo detalhado desses desenvolvimentos.
Marco camarotti detecta que o problema no teatro infantil tem decorrido pelo fato dele não refletir o mundo pela ótica da criança e que temos que ter a consciência que existeuma relação de diferença entre a linguagem do adulto e a da criança e que essa diferença se dá pelo fato que a criança atravessa essa instabilidade nos seus estágios de desenvolvimento mental. Ele explica que quando ocorre algum impasse na comunicação do adulto com a criança isso ocorre na ordem da linguagem e não do conteúdo. Não é o que se diz, mas como se diz. Sobre a dramaturgia ele nos orienta para que não priorizarmos os elementos literários, gramaticais, ligado a um padrão culto, mas sim ficarmos atentos à captação do nível sócio lingüístico dos receptores. Isso não quer dizer que devemos escrever qualquer coisa, pelo contrario, temos que ter a preocupação para o tipo de publico que estamos escrevendo, pois como foi visto não é o que se diz, mas o como e esse como precisa está antenado com as especificidades dos pimpolhos. Ele nos indica que uma boa literatura para criança tem que ter um conflito perfeito delineado, personagens bem caracterizados, situação clara, identificação pessoal e verdadeiro, evitar o uso de metáforas, excessos de diminutivos, e não querer fazer do texto uma aula de historia ou geografia pecando pelo didatismo. A fabula é foi feita para ensinar a criança aprender o viver. O universo da criança é muito rico, pois ela a criança tem uma relação poética com a vida fazendo com que ela tenha um poder de abstração e criação que não se prende as amarras da realidade ela transcende de uma forma lúdica a vida, o tempo, a geografia e as pessoas e ela mesma num eterno jogo do faz brincar dentro do seu universo criativo e construtivista. Sobre a interpretação do ator no teatro infantil o professor foi sucinto: trabalhe a criança que tem dentro de você.E para finalizar me aproprio das palavras de marco camarotti que por vez as pegou do mestre polonês janusz korczak, que nos alertou: “qualquer tarefa dirigida à infância requer rigorosamente que não nos abaixemos ate a criança, mas sim que nos elevamos a ela e ao seu modo de ver e compreender as coisas”.

Sinto-me como uma criança adulta que está atravessando um dos estágios no qual a criança passa e não é por obrigação de me desvendar enquanto encenador mais sim como um construtor de poesia e preocupado com essa linguagem sensível e delicada e cheias de especificidade que requer um conhecimento pratico e teórico para que dentro desse universo, a da criança, não nos perdemos em criticas racionais calcada na lógica racional do homem adulto. Graças à licença poética, liberdade que toma o poeta de alterar as normas da gramática ou da poéticas. Se pegarmos o significado da palavra gramática: estudo sistemático dos elementos constitutivos de uma língua (sons, formas, palavras, construções e recursos expressivos) e poética é a arte de fazer versos, em resumo podemos tudo dentro do universo poético, claro respeitando, a lógica infantil e a relação poética que ela tem com a vida dentro dos seus estágios do seu desenvolvimento mental, já que estamos versejando sobre ela.

Para finalizar termino com uma serie de televisão para criança cocoricó.

“O sapo martelo cantava na beira da lagoa”.
De repente ele tocou na água tudo se transformou
Apareceram três baleias cantando uma canção
Canção de baleia!
O sapo martelo cantava na beira da lagoa
De repente ele tocou na água e tudo se transformou
Apareceram os balineses da ilha de bali com a canção dos macacos!

Engraçado que nessa canção esta um resumo quase total do nosso propósito em escrever este artigo e a forma como essa canção é cantada e concretizada onde o lúdico e poético caminham juntos, pois a musica é cantada de frente a uma bacia com água simbolizando, ou melhor, concretizando o que se canta e conta e os outros personagens aparecem vestidos de baleias e dançarinos balineses e macacos fazendo da geografia e da hidrografia um passaporte poético da lagoa para o mar e da lagoa para bali da imaginação para o mundo.


Este artigo se deu devido a uma critica ao espetáculo “o amor do galo pela galinha d’água”, de quem conhece um pouco de geografia jamais procuraria a galinha d’água no mar de boa viagem, na zona da mata e Olinda, pois as águas do rio só correm para um lado.

Samuel santos é autor e diretor e dirigiu os infantis: a terra dos meninos pelados, o menino minotauro, minha infância querida, o circo Rataplan o amor do galo pela galinha d'água, e se preparar para finalizar com a trilogia da busca começada com a terra dos meninos pelados depois o amor do galo e agora historinhas de dentro, onde uma menina nasce com problema cardíaco e seu grande sonho é entrar dentro do seu corpo, e após uma parada cardíaca ela se ver dentro de si e descobre que dentro dela é um circo!


teatrosan@ibest.com.br